João 8.1 a 11
Atirar ou não atirar pedras em uma mulher inegavelmente pecadora? Essa era a indagação daqueles homens ao Mestre que, surpreendentemente, depois de olhar nos olhos deles simplesmente abaixou-se e começou a riscar o chão com seu dedo. Como se brincasse com a terra. Atraindo a atenção para a sua mão e para o solo. O dedo que criou tudo que existe: inclusive os homens e as pedras oprimidas entre as mãos iradas e vingativas deles. O dedo de Deus apontava para a terra, mostrando a matéria prima de todos nós, de onde todos nós viemos e para onde todos nós iremos. O Senhor mostrava o elemento que nos iguala: a real e frágil condição humana. Quem é melhor do que quem? Quem foi feito de matéria diferente? Mas aqueles homens não entenderam que o Mestre estava ensinando que nem sempre as palavras são necessárias.
E, como aquela comunicação não foi eficiente, Ele se levantou e respondeu com palavras: “Quem acha que é diferente e não tem pecado, atire a primeira pedra.” E, voltando ao chão tornou a falar com os dedos. Somente assim, aqueles homens conseguiram escutar e entender que todos somos pecadores e merecedores de pedradas. E, silenciosamente, responderam abandonando as pedras no chão. Abaixaram suas cabeças e foram embora, um por um, ficando somente O Mestre e aquela mulher que também voltou para sua casa viva e absolvida.
Mais de dois mil anos se passaram e as pedras insistentemente voltam para as nossas mãos. Quantas vezes nos tornamos instrumento de juízo quando somos chamados para apresentar a misericórdia? A ótica da razão torna a leitura do nosso cotidiano em uma disputa de valores, de hierarquia, de supremacia… E nos esquecemos do princípio do perdão.
Somos todos iguais, dependentes da mesma cruz e do mesmo sangue sobre ela. Esta é uma verdade que deve ser insistentemente repetida e inculcada para não ser esquecida. Deixemos para O Juiz o juízo! A nós cabe a pacificação, a misericórdia, o amor, o perdão. Ceder, ainda que tenhamos a razão. Mas será que ter a razão é tão importante assim? É hora de largarmos as pedras, estender a mão ao caído e, até mesmo, carregá-lo se for necessário e assim anunciar o evangelho da Paz.
“Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.” (Mateus 7.1-2)
::Nilma Gracia Araujo –
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Fonte: LAGOINHA.COM